quinta-feira, 19 de julho de 2007


TENHO AMIGOS

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que eu dedico a eles, e também a absoluta necessidade que tenho de ter eles por perto. Não percebem o carinho que eu tenho por eles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, pois ela permite que o objeto da vida se divida em outros afetos, enquanto que o amor, tem o ciúme, que não admite a rivalidade. Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos, até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto a minha vida depende de suas existências. Alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas por que não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo essas palavras e não sabem que estão incluídos na sagrada relação dos meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare ou muitas vezes não os procure diretamente. E às vezes, quando os procuro, percebo que eles não tem noção de como me são importantes, de como indispensáveis ao meu equilíbrio vital, por que eles fazem parte do meu mundo, um mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida. Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo. Por isso, é que sem eles e sem que eles saibam, eu oro pela vida deles. Eu me envergonho por que muitas vezes essa prece é em síntese, dirigida ao meu bem-estar, se paparmos para pensar. Mas não é egoísmo nem um não, pois é maravilhoso ter esses amigos e saber que a hora que eles precisarem, eu estarei aqui. É, talvez essa necessidade seja fruto de meu egoísmo. Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns de meus amigos. Quando viajo, e fico diante de lugares maravilhosos, por vezes cai-me uma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer. Se alguma coisa me consome, me envelhece, é que a roda furiosa da vida não me permite sempre ter ao meu lado, morando, andando comigo, falando, vivendo comigo, todos os meus amigos. E, principalmente, aqueles que só desconfiam ou talvez nem vão desconfiar que fazem parte do grupo dos meus melhores amigos.
A gente não faz amigos, reconhece-os.

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